BR-163 continua sendo a rodovia da morte

Setlog/MS questiona ausência de duplicação e falta de empenho da ANTT para fiscalizar a concessão

Semana passada seis pessoas perderam a vida em um trágico acidente próximo de Anhanduí, sendo um dos acidentes com mais vítimas fatais já registrados em uma das principais vias de acesso que corta o Estado, a BR-163.

Na periferia de Campo Grande, no trecho da 163 que passa pelo Jardim Itamaracá, as fortes chuvas do dia 16 de abril deixaram a via alagada, causando transtornos aos condutores e obrigando-os a terem atenção redobrada para não causarem acidentes.

Para Cláudio Cavol, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte e Logísticas de MS (SETLOG-MS), esses são apenas dois exemplos bem recentes das deficiências da via e da falta de empenho da concessionária para solucionar os problemas.

“Estamos muito preocupados com o número de acidentes na BR 163, principalmente por se tratar de uma concessão. Muitas mortes poderiam ter sido evitadas se o trecho estivesse duplicado como previa o contrato inicial. Notamos que os locais de duplicação são sempre próximos às nove praças de pedágios, onde as pessoas são obrigadas a diminuir a velocidade”, explica Cavol.

Segundo informou a Concessionária, hoje, apenas 155 quilômetros são duplicados dos 842 que eram previstos no contrato de concessão inicial. Na época do leilão realizado em dezembro de 2013, a CCR Via ofereceu um preço de pedágio 52,74% menor que o máximo fixado pelo governo da época.

“Dez anos depois pagamos um dos pedágios mais caros do Brasil por um serviço que não é satisfatório. Um caminhão de nove eixos, de Sonora a Mundo Novo paga R$ 627,00 de pedágio e de Sonora a Bataguassu, divisa com São Paulo, R$ 351,00, um absurdo. Por esse valor, deveríamos ter mais segurança, áreas de descanso para caminhões de primeiro mundo e ter trechos impecáveis ao longo de todos os 21 municípios pelos quais passa a 163”, lembra Cavol.

Para ele, é imperativo que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) tome providências para fiscalizar e exigir um melhor serviço pelo que o usuário paga.

Já a CCR Via informou que desde que foi privatizada houve redução no número de vítimas fatais na via, que passou de 85 (2013) para 63 (2023), redução de 26%. No entanto, de janeiro a março de 2024, já foram registrados 36 óbitos, segundo dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Considerando as seis vítimas fatais da semana passada, esse número sobe para 42 e ainda faltam oito meses para fechar o ano.

“Nossa preocupação também é com a Rila (Rota de Integração Latino-Americana) que aumentará significativamente o fluxo de veículos pela 163 e a tendência é o número de acidentes e de mortes aumentarem se nada for feito agora”, alerta Cavol.

Por: Ascom SETLOG/MS

Foto: Reprodução G1