Motoristas encontram mais de 50 km de lentidão para ir ao Porto de Santos

(Foto: G1)

Um congestionamento superior a 50 quilômetros é registrado nas vias de acesso ao Porto de Santos, no litoral paulista, na manhã desta terça-feira (28). Motoristas de caminhões de carga estão parados nas rodovias Cônego Domênico Rangoni e Anchieta desde a madrugada, com dificuldades para chegar aos terminais da maior zona portuária do Brasil. O problema no trânsito também tem reflexos na rodovia Anchieta, que registrou mais de três quilômetros de congestionamento durante a madrugada.

De acordo com a Ecovias, concessionária que opera o sistema Anchieta-Imigrantes, o motivo do congestionamento é uma nova norma adotada pela prefeitura de Cubatão, que só permite que os caminhões entrem nos pátios de espera do município entre 8h e 18h. Na madrugada, esses pátios reguladores, que funcionavam 24 horas, ficaram fechados. A regra vigora desde segunda-feira.

Com a restrição aos espaços, onde motoristas costumavam aguardar a vez para descarregar as mercadorias, a rodovia Anchieta virou estacionamento provisório. Segundo a prefeitura de Cubatão, a norma foi implantada para tentar enfrentar os problemas causados pelo excesso de caminhões nos locais.

De acordo com a medida tomada pela prefeitura de Cubatão, quem não cumprir a nova regra pode ter as atividades suspensas de 10 a 30 dias ou ter o alvará de funcionamento cassado. Em nota divulgada na segunda, primeiro dia da restrição, a administração do município disse que o problema dos congestionamentos só vai ser amenizado com “solução metropolitana”.

Trechos problemáticos

Os motoristas encontram dificuldades na Anchieta, entre o km 31 e o km 55 no sentido litoral, e do km 64 ao km 55 no sentido capital. Os motoristas que utilizam a rodovia já enfrentam um fluxo mais lento desde a região do ABC. Na Cônego Domênico Rangoni, o tráfego ficou lento do km 274 ao km 262, no sentido Guarujá, e do km 264 ao km 270, no sentido Cubatão.

A Ecovias entrou em contato com terminais rodoviários para recomendar o adiamento ou o cancelamento de viagens de ônibus que utilizem a via Anchieta. Segundo a concessionária, não é possível estimar o tempo de viagem do motorista que segue pelas estradas do sistema tanto no sentido litoral como no sentido São Paulo.
Até as 11h, a empresa Socicam, que administra os terminais rodoviários da capital, disse que não havia recebido comunicado da Ecovias e que os ônibus faziam o trajeto normalmente.

Estacionamento na pista

Na madrugada, o trânsito era caótico nas estradas da região. Os caminhões ocupavam faixas e acostamentos das pistas que dão aceso ao porto, tornando impossível a ida de veículos até Cubatão ou Guarujá. Por volta de 2h30, na rodovia Cônego Domênico Rangoni, próximo da primeira entrada para Cubatão, a pista virou estacionamento improvisado. Os caminhoneiros, parados, dormiram na boleia do veículo mesmo estando no meio da estrada.

O caminhoneiro Hélio Cursino era um dos poucos que estava acordado e muito preocupado com o tráfego. Ele saiu de um terminal no Valongo, em Santos, por volta das 17h, e disse que o trânsito parou por volta das 19h.
“Estou que nem zumbi. Você não dorme, não descansa, a hora vai passando e vou chegar no Guarujá só amanhã pelo jeito”, reclamou.

Reunião vai discutir o problema

A prefeitura de Cubatão anunciou, pela manhã, que representantes da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e do Conselho de Autoridade Portuária estarão na prefeitura por volta das 13h30 para discutir a situação e avaliar o decreto municipal da prefeita Marcia Rosa, que estabelece restrição de horário para acessar os pátios.

O secretário de Assuntos Portuários de Santos, Eduardo Lopes, não concorda com a nova medida e falou sobre essa confusão no trânsito das estradas. “É altamente preocupante, porque os quatro mil caminhões que estão diluídos nas 24 horas de operação do pátio vão ficar concentrados em 10 horas. Nós imaginamos que, durante a madrugada, os caminhões devem parar na estrada, aguardando a abertura do pátio”, disse.
“Depois, no final da tarde, esses caminhões devem ser liberados de uma vez só. Aí corremos o risco de, no final das tardes, termos 500, 600 caminhões na entrada de Santos”, completou o secretário.

Em nota, a Companhia Docas do Estado de São Paulo disse entender que a medida tomada pela prefeitura de Cubatão compromete a logística de acesso aos terminais e não entende de que forma a limitação no horário de funcionamento dos Pátios Reguladores irá reduzir os impactos no município.

Fonte: G1