Pontes inseguras colocam pessoas e cargas em risco

(Foto: ndonline.com.br)

 Em centímetros bem calculados, caminhões se espremem para cruzar as pontes de ferro enferrujadas, em um trecho isolado da BR-158 entre os municípios de Santana do Araguaia e Redenção, no Pará. Filas se formam nos dois lados das apertadas travessias de mão única, à espera de que cada um passe pelo caminho. É preciso paciência. A velocidade tem de ser mínima porque qualquer erro de cálculo pode ser fatal.

Instaladas 30 anos atrás pelo Exército, as pontes não passam hoje de sucatas, com placas soltas e ferro retorcido. Para desviar dos buracos da ponte, caminhões são obrigados a zanzar sobre a plataforma. Frequentemente, a habilidade no volante não é suficiente. Os acidentes são frequentes, com caminhões carregados de grãos sendo tragados rio abaixo. Dois meses atrás, mais um caminheiro morreu no local.

“A gente tem que guiar a 5 quilômetros por hora por causa do perigo. É quando o bandido chega. Eu fui roubado aqui. Subiram no meu caminhão e me pararam. Levaram minha carteira, meu celular e um rádio amador que eu usava para falar com os amigos na estrada”, diz Neuro Marcon, caminhoneiro que cruza as pontes há três anos.

Com um caminhão carregado de ração de resíduos de dendê, Marcon diz que seus colegas de trabalho têm evitado transitar pela rodovia. “Desse jeito, não dá. A gente não sabe o que vai encontrar pela frente. Já cansei de ver caminhão tombado nessa estrada.”

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que os anteprojetos de engenharia para construção de novas estruturas estão prontos, restando agora a etapa de orçamento das obras, para licitação nos 30 dias seguintes.

“Essas pontes estão nesse estado deplorável há mais de 20 anos, e ninguém faz nada de concreto para resolver isso”, diz Vitório Guimarães da Silva, que há 27 anos produz soja e milho na região de Redenção.

Só neste ano, moradores de cidades próximas às pontes fizeram três manifestações na BR-158, bloqueando a passagem para protestar contra a situação da estradas e suas estruturas. A mais recente delas foi presenciada pelo Estado. No último dia 9, manifestantes fecharam a rodovia por dois dias, perto de Santana do Araguaia, para reclamar da falta de energia e das condições da estrada.

Fonte: O Estado de S. Paulo