Chegada da expedição no Porto de Antofagasta, no Chile (Foto: Anderson Viegas/ G1 MS) (Foto: Anderson Viegas/G1)

Com muito otimism, empresários e autoridades do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile concluíram na tarde desta segunda-feira (28) o percurso de uma rota terrestre que pretende ligar o Centro-Sul brasileiro aos portos chilenos. O grupo saiu na sexta-feira passada (25), de Campo Grande em Mato Grosso do Sul e percorreu cerca de 2.200 quilômetros até Antofagasta, no Chile.
No percurso, os participantes da expedição chamada de Rota de Integração Latino-Americana (RILA), conheceram in loco os principais gargalos para a viabilização do corredor, como a falta de uma ponte ligando o Brasil ao Paraguai entre as cidades de Porto Murtinho e Carmelo Peralta (atualmente a travessia só é feita em uma pequena balsa), a falta de pavimentação em 500 quilômetros no Chaco paraguaio (o Pantanal paraguaio) e a necessidade de uma simplificação aduaneira no trecho do corredor.
Ao mesmo tempo, se encantaram com as belezas e potencialidades econômicas e turísticas das regiões visitadas. No Mato Grosso do Sul, o sudoeste do estado, em cidades como Nioaque, Guia Lopes da Laguna, Jardim e Porto Murtinho. No Paraguai, o Chaco (Pantanal) e o desenvolvimento de Filadelfia, cidade de colônias menonitas. Na Argentina, a tradição de Salta de San Salvador de Jujuy, além do trecho local da Cordilheira dos Andes e o deserto de sal Salinas Grandes. Já no Chile, a continuação da Cordilheira e logo em seguida o deserto do Atacama, além das cidades costeiras, como Iquique e Antofagasta.
Cláudio Cavol, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS), uma das entidades que promoveu a expedição, destacou que conclui o percurso muito mais otimista com a possibilidade de concretização da rota.
“Estou muito mais otimista agora, do que quando começamos. Sabíamos das dificuldades de alguns trechos da estrada, que o que existe chega a ser precário, mas estamos mais otimistas porque pela primeira vez, em 50 anos em que se fala de uma rota assim, os quatro países estão trabalhando juntos e mobilizados. Em cada cidade em que passamos ao longo do percurso percebemos o entusiasmo da população e dos seus governantes com a rota. Esperamos agora é que as autoridades façam sua parte para concretizá-la”, ressaltou.
O embaixador do Chile no Brasil, Jaime Guzmuri, corroborou com o dirigente do Setlog-MS. Ele destacou que em seu país a parte logística da rota já tem uma condição muito boa, desde a fronteira com a Argentina, no Paso de Jama, até os portos de Antofagasta, Iquique e Mejillones, e que o objetivo agora é melhorar ainda mais essa estrutura.
“O Chile trabalha agora para habilitar um segundo Paso (aduana), que se chama Paso de Sico, que fica ao sul do Paso de Jama, então vamos ter dois Pasos na Cordilheira dos Andes e isso vai facilitar o tráfego. Temos uma boa capacidade portuária e trabalhamos para ampliá-la. Precisamos agora é que os quatro países trabalhem juntos para desenvolver um legislação aduaneira mais rápida e eficiente para o corredor. Porque para percorrê-lo hoje se passaria por oito controles aduaneiros o que é inviável. Também podemos pensar em algum modo de melhorar a estrutura de atendimento no trecho chileno da Cordilheira, para que a aduana não precise ser fechada no inverno, por medida de segurança para os motoristas”, ressaltou.
Em relação a capacidade portuária do Chile, o gerente geral da empresa portuária de Antofagasta, Carlos Escobar, destacou que o porto da cidade tem condições para escoar até 8 milhões de toneladas por ano, mas atualmente está escoando somente 3 milhões, tendo capacidade ociosa de 5 milhões. Como é um terminal multi propósito pode despachar ou receber qualquer tipo de carga, desde eletrônicos até commodities, podendo receber simultaneamente até cinco embarcações.
Fonte: G1