(Foto: Correio do Estado)
Aumento da distância nas rotas de escoamento da soja em Mato Grosso do Sul, em decorrência de problemas nas estradas e pontes de acesso às regiões produtoras, deixou o valor do frete em média 15% mais caro no Estado neste primeiro trimestre de 2015. A projeção é dos sindicatos dos caminhoneiros autônomos e das transportadoras do Estado. Conforme o Sindicato dos Trabalhadores no Transporte de Cargas de Mato Grosso do Sul (Sindicargas-MS), que conta com 19 mil associados no Estado, o reajuste não representa aumento para o caminhoneiro e sim reposição do desgaste e dos danos registrados nos veículos, por conta da precariedade de acesso às lavouras. “As más condições das estradas e o estado precário das pontes têm impossibilitado os caminhoneiros de chegar até os locais de lavoura e retirar a carga para então seguir aos armazéns. Os veículos demoram a chegar e no trajeto atolam, há quebra do para-choque, lanternas, outras peças e problemas na mecânica. Então o aumento do frete é um repasse desses prejuízos”, explicou Roberto Sinai, relações públicas do Sindicargas-MS.
De acordo com o porta-voz da entidade, há o prejuízo para o caminhoneiro — porque ele não consegue cumprir o compromisso de retirada do produto e entregar para o armazém — mas também para quem armazena o grão. O transporte e embarque da carga, trabalho que em média leva de um a dois dias, hoje está demorando até uma semana para ser concluído nas regiões mais críticas, ao sul do Estado. “Isso tem atrasado o escoamento da safra”, reconheceu.
Impacto
Já quando comparado o valor médio do frete atual ao que era cobrado até dezembro do ano passado, a alta chega a 30% no Estado, segundo índice repassado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de MS (Setlog-MS). Além do aumento da distância percorrida por causa da interdição de pontes e precariedade das estradas, entra na composição desse percentual a elevação da carga tributária do diesel (desde 1º de janeiro) e de outros impostos, em especial o IPVA (cobrado sobre veículos automotores e com alta de 40%). “Esse impacto no custo começou desde janeiro, por ser época de safra. Geralmente faltam veículos nesse período (por causa da grande demanda) e o valor do frete é reajustado. Não significa que o preço subiu, mas sim que houve uma recuperação em relação ao ano passado”, explicou o assessor da presidência do Setlog-MS, Dorival Oliveira.
No fim do segundo semestre do ano passado, prossegue, houve baixa nas exportações, afetando o segmento transporte e em consequência reduzindo o valor do frete. Oliveira cita como exemplo o frete de Maracaju — uma das regiões em que o transporte conseguiu chegar às lavouras neste ano — para o Porto de Paranaguá, em que a média é de R$ 160,00 a tonelada, mas caiu para R$ 130,00. “Hoje já está entre R$ 160 e R$ 170, mas agora existe o frete e não há o produto para transportar. Por causa das más condições de tráfego nas estradas, houve interrupção dos serviços, porque não se consegue chegar às regiões de lavoura”, alertou.
É o caso de Caarapó, no sul do Estado. Em contato com produtores da região, o sindicato foi informado de que 30% da produção já está perdida na região, porque a soja maturou demais e não se consegue entrar com maquinário nas lavouras para colher por causa das chuvas. “O maior problema é que as lavouras estão ilhadas, a janela de plantio do milho se encerra no dia 10 e não se conseguiu tirar ainda o que está na lavoura. Com esse problema, o produtor não colheu, não vai conseguir transportar nem plantar o safrinha. Temos então um segundo semestre de produção baixa”, concluiu. Para o Setlog-MS, se faz necessária “uma correta aplicação de verbas neste momento pelas autoridades estaduais”.
Campo Grande
Produtores do distrito de Aguão, a cerca de 35 km de Campo Grande, também estão enfrentando sérios problemas para retirar os grãos das lavouras. Na segunda-feira uma ponte de madeira não suportou o peso de um caminhão carregado com soja e desabou. O fato aconteceu em uma estrada vicinal, próxima a BR-080. Ontem produtores contrataram máquinas e compraram material para consertar a ponte. A ideia é fazer um desvio para ter acesso às propriedades.
Fonte: Correio do Estado