Parcerias com África podem amenizar efeitos da crise

(Foto: folharegiao.com.br)

Com crescimento médio anual de 5% e expectativa de melhorar ainda mais esse desempenho nos próximos anos, o continente africano tem sido visto como um grande parceiro em potencial do Brasil, pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Para o órgão, as perspectivas são favoráveis, mesmo com uma balança comercial ainda deficitária para o Brasil em relação aos principais países daquele continente. Em 2014, o superávit para o lado africano foi US$ 7,4 bilhões, com o Brasil exportando US$ 9,7 bilhões e importando US$17,1 bilhões. “Essa relação sempre foi deficitária para o Brasil, por causa do alto volume de petróleo que compramos, produto que responde por 88% do total importado”, diz a gerente de Estratégia de Mercado da Apex, Ana Paula Repezza. Segundo ela, a expectativa é que esse deficit seja amenizado e torne-se superávit para o Brasil, com base em dois movimentos percebidos pela Apex: a queda do preço de petróleo e a tendência de aumento da demanda africana por alimentos processados e por máquinas e equipamentos. “A África tem buscado reforçar sua política industrial para deixar de ser importadora de alimentos primários.

Para isso, pretende adquirir máquinas e equipamentos agrícolas para processar produtos tanto para o mercado interno como para exportação. Como o tipo de cultura agrícola brasileira é muito similar à africana, nossas tecnologias de plantio e colheita são bastante aplicáveis por lá. A presença da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] naquele continente tem tido relevância em abrir caminhos para parcerias tecnológicas e para aquisição de maquinário”, explica Ana Paula. Segundo a Apex, entre 2002 e 2012, o intercâmbio comercial entre Brasil e África aumentou 410%. Entre 2004 e 2014, as exportações brasileiras para os países africanos cresceram 131%, com destaque para açúcar, carne bovina, carne de aves, cereais e veículos e peças automotores. Com a previsão de o Produto Interno Bruto (PIB) africano aumentar 6% por ano na próxima década, a Apex passou a considerar a África como “mercado prioritário”, dedicando àquele continente mais de 30% de seus projetos setoriais. Dos 32 mercados destacados no Plano Nacional de Exportação (PNE), lançado em junho pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, seis ficam na África: Angola, Moçambique, África do Sul, Egito, Argélia e Nigéria. “Os três primeiros são os principais parceiros do Brasil naquele continente”, informa Ana Paula. A Apex tem feito pelo menos duas missões a cada ano no continente, na busca por novas oportunidades para as empresas brasileiras.

Fonte: Correio do Estado