(Foto: Correio do Estado)
A liberação da Receita Federal para a implantação da Estação Aduaneira do Interior (EADI), ou chamado Porto Seco em Três Lagoas, pode estar próxima de ser realizada. De acordo com a prefeita Márcia Moura, ainda não ocorreu a assinatura do documento que permite o processo de abertura de concorrência para a alfândega, porém, no mês passado, durante a Rota do Desenvolvimento, realizada pelo Sebrae, no município, o Secretário de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Estado, Jaime Verruck, anunciou que já ocorreu a decisão de implantação em Três Lagoas, e não em Campo Grande, que também disputava essa modalidade logística.
O movimento para que a estação aduaneira fosse implantada em Três Lagoas começou em 2009, depois que a Fibria deu início ao seu projeto com a primeira linha de produção de celulose do local. O município, que já contava com um distrito industrial bastante desenvolvido, e, dessa forma, exportador significativo do setor têxtil e siderúrgico, passou também a exportar grande volume de celulose. Em 2012, quando a outra gigante da celulose, a Eldorado Brasil, foi inaugurada, a prefeitura elaborou um estudo de viabilidade da implantação em Três Lagoas, que apontou a alfândega no município como solução para diversos gargalos logísticos do Porto de Santos, principalmente no que se refere a custos de descanso.
MAIOR RELEVÂNCIA
Desde então, de acordo com o diretor de indústria e comércio de Três Lagoas, Diógenes Marques, a Costa Leste do Estado, região em que Três Lagoas é cidade polo, é a de maior relevância na balança comercial, por conter a maior concentração de indústrias do Estado. “Além de a maior parte dessas indústrias da Costa Leste estarem estabelecidas em Três Lagoas, cujo grande estaque é ter o segundo maior PIB (Produto Interno Bruto do Estado)”, explicou. O diretor ressalta a complexidade logística de Três Lagoas, também como fator preponderante para que o porto seja construído naquele município, alertando sobre as condições intermodais, tanto no que se refere a transporte como energia e grande fonte de água, o que possibilitou e possibilita a concentração dessas indústrias na região.
Desta forma, ele lembra que Três Lagoas está dentro do fluxo no transporte rodoviário, ao passo que aCapital estaria no antefluxo. “Em números simples, as vantagens são claras e grandes sobre Campo Grande. De Três Lagoas a Santos existem 734 km, já de Campo Grande a Santos são 1.070 km. Ou seja: usando o terminal, caso fosse em Campo Grande, a empresa levaria mais tempo e teria mais custo, já que a mercadoria teria que ir para Campo Grande, depois faria o mesmo caminho de volta até o porto de Santos: seriam 672 km desnecessários, que proporcionariam um aumento no percurso de 91%, conforme o Estudo de Viabilidade. Desta forma, dentro da estratégia logística de cada empresa, ela teria a alternativa de usar estações mais próximas de Santos dentro do Estado de São Paulo, não usando como alternativa Campo Grande”, afirmou.
CUSTOS MAIS BAIXOS
Ter um porto seco no local onde existe um grande complexo industrial, no caso de Três Lagoas, dois distritos industriais de alta exportação, significa sustentabilidade, conforme o diretor. A competitividade é o maior ponto, porque, segundo apresentado no estudo de viabilidade daquele município, pode haver uma economia de 35% em relação às estações portuárias e até 90% sobre os aeroportos que são utilizados como área de descanso. “Essa é a agilidade que o porto seco proporciona à indústria. Além disso, por ser nomeada uma área internacional, a EADI possibilita que, em caso de ações baixarem ou câmbio ser desfavorável para a empresa comercialmente, ela consegue segurar o produto por cerca de 120 dias sem que ela perca o caráter na nacionalidade”, orientou.
Fonte: Correio do Estado