(Foto: Correio do Estado)
Medições supostamente fraudulentas que envolvem a pavimentação de duas rodovias, a MS-228 e a MS-184, situadas no Pantanal sul-mato-grossense, na chamada Estrada Parque, segundo cálculos da força-tarefa integrada por cinco promotores de Justiça, causaram um rombo no caixa do Estado de ao menos R$ 9 milhões. De acordo com a denúncia, as empreiteiras contratadas para o serviço recebiam recursos, mas não completavam as obras. O ex-deputado federal e ex-secretário estadual de Obras Edson Giroto aparece nas duas acusações. A reportagem do Correio do Estado foi até uma das estradas e notou que as pessoas que vivem por lá desconhecem a investigação.
Para MS-228, que se estende do Lampião Aceso (trevo com a BR-262) à Curva Leque (trevo com a MS-184), o governo, por meio de Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) desembolsou cerca de R$ 5 milhões para a revitalização, encascalhamento, no caso, de 42 quilômetros da rodovia. Contudo, a Proteco Construções consertou apenas 23 quilômetros, segundo recente levantamento apurado pela Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), já no governo de Reinaldo Azambuja (PSDB). A obra suspeita foi efetuada na gestão do governo de André Puccinelli (PMDB). A Justiça ainda não definiu se acata ou não essa denúnciaofertada pelo Ministério Pú- blico Estadual. Na MS-184, repetiu-se o histórico de fraudes na medição da obra, conforme estudo da Seinfra. Lá, o governo pagou R$ 8,3 milhões, mas a empresa Provias efetuou serviços que custariam R$ 2,1 milhões. Ou seja, o serviço custou R$ 6,2 milhões a mais.
ALHEIOS
A reportagem do Correio do Estado, na sexta-feira (4), transitou por 50 quilômetros da MS-184 – essa estrada sai de Corumbá e segue até o Posto da Polícia Militar Ambiental, a 100 quilômetros de Miranda. Toda ela não é pavimentada com asfalto e, sim, com cascalho. Moradores e motoristas que trafegam pela 184 ficaram surpresos com a informação de que os reparos na estrada eram investigados pelo Ministério Público.
Paulo Nilton Goulart Jaques, 52 anos de idade, 30 dos quais dedicados a tarefas ligadas à pecuária, disse que não sabia da suspeita. “Ando por aqui [MS-184] há anos, pelo menos, por enquanto, está tudo bem”, disse Jaques, que trafegava pela estrada numa caminhonete. Já dois motoristas de caminhão boiadeiro, que se propuseram a conversar com a reportagem, pensam diferente. Aloizio Siqueira Nunes e Waldemar Gamarra Gaúna disseram que, antes do reparo na rodovia, a viagem de 50 quilômetros – ponto de onde pegam animais bovinos para levar para outras fazendas – durava em torno de uma hora. “As pedras dão até medo. Temos de guiar com atenção redobrada, bem devagar”, disse Gaúna.
Fonte: Correio do Estado