(Foto: Correio do Estado)
Apesar de a obra da MS-040 ter dado alternativa logística aos 230 km na ligação de Campo Grande a Santa Rita do Pardo, a cidade sofre as consequências de ter um Anel Viário prometido e não entregue. Os caminhões e veículos passados invadiram as únicas duas avenidas da cidade, causando destruição e incômodo para os moradores. O projeto do rodoanel simplesmente sumiu, e o governo do Estado quer minimizar o impacto recuperando as vias, mas não inciará o serviço sem que as obras de esgoto (que nem começaram) sejam concluídas. Sem qualquer projeto definitivo para resolver o transtorno, o serviço da prefeitura consiste em improvisar com caminhões-pipa para conter a poeira, aplicar pó de pedra para amenizar a lama de trechos não asfaltados e despejar entulhos para tapar os buracos. A MS-040 termina na entrada da cidade de Santa Rita do Pardo, onde um Ipê Rosa dá boas-vindas. Os benefícios da ligação que a rodovia permitiu à capital são claros e estão na boca de todos: o preço dos hortifrútis caiu, porque agora não é preciso mais pegar produtos de São Paulo para abastecer os supermercados. A cidade que era isolada da rota de comércio agora é lugar de pouso e passagem de caminhões e veículos que seguem para a Capital.
SÓ PROMESSA
O problema começa porque Santa Rita do Pardo não tem Anel Viário, e a construção deste estava prometido junto da rodovia estadual. A via foi inaugurada em 29 de dezembro do ano passado, mas a ideia do rodoanel desapareceu. A prefeitura procurou o governo do Estado para perguntar quando a obra do anel começaria e foi informada de que não existia qualquer projeto relacionado. A CGR Construtora, responsável pelo lote da obra próxima à cidade afirma que o Anel Viário não faz parte de seu contrato, apesar de ter feito a limpeza [mais de uma vez] do terreno pelo qual o Anel Viário passaria. A obra teria sido prometida pelo ex-secretário estadual de obras Edson Giroto (PR), investigado pela Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Receita Federal na Operação Lama Asfáltica, que apura eventuais esquemas de corrupção e superfaturamento para beneficiar empresas e políticos.
Placas e faixas anunciando o anel foram colocadas na cidade divulgando o compromisso firmado pelo ex-secretário. Sem o Anel Viário, o fluxo de mais de 80 caminhões de carga pesada e a centena de veículos de passeio foram obrigados a passar pelo meio da cidade, que tem apenas duas avenidas, a Avenida Julião de Lima Maia e a Avenida Deputado Júlio César Paulino Maia.
CONSEQUÊNCIA
O resultado foi imediato: as primeiras quatro quadras da avenida não têm asfalto e virou um atoleiro, e a prefeitura precisa colocar semanalmente pó de pedra no espaço. As quadras seguintes têm um asfalto fino, superficial e estão sendo completamente destruídas pelo fluxo não planejado das cargas. Os caminhões passam em comboios em frente de uma escola de Educação Infantil posto de saúde, e deixam de herança um poeirão que está afligindo os moradores com sujeira e problemas respiratórios. Célia Regina Puertes, 45 anos, é dona de casa e mora em Santa Rita há 15 anos. “Fizeram propaganda que essas carretas não iam passar aqui, que iam passar por fora, que iam construir um Anel Viário. Agora fica esse transtorno, pra mim não teve melhoria”, reclama a moradora. O empresário Fábio Flores, 41 anos, tem uma farmácia na cidade há um ano e quatro meses e acusa o município de ter deixado Anel Viário em acordo político. Na semana passada, Fábio estava reunindo moradores para bloquear a avenida queimando pneus, tamanha a indignação pela passagem dos caminhões dentro da cidade. “Está todo mundo doente com essa poeira, ninguém consegue passar na rua porque ela está com erosão, está virando cratera. Na semana passada, eu liguei pra PM e avisei que ia colocar fogo na rua, porque não tem condições”, afirmou.
ALTERNATIVA
Para mitigar o problema da poeira, a Prefeitura de Santa Rita do Pardo está usando carros-pipa para despejar água nas vias, mas a lama acaba gerando problemas maiores. A cidade também foi surpreendida com a falta de estrutura para atender esse fluxo. Um único posto de combustível e duas pequenas oficinas atendem o município. Como medida paliativa, o Executivo também fez mudanças no funcionamento das vias, tornando as duas avenidas mão-única em dezembro e proibindo estacionamento de um dos lados.
Fonte: Correio do Estado