(Foto: topmiidanews.com.br)
Os 648 Km da rodovia BR-060, entre Bela Vista e Chapadão do Sul, já registram mais mortes em 2014 que nos últimos quatro anos. O número de vítimas, nessa rodovia, só não ultrapassa a BR-163, considerada a “rodovia da morte” de Mato Grosso do Sul, que registrou 23 óbitos desde o começo do ano.
Para se ter uma ideia, de janeiro até março, 14 pessoas morreram em acidentes na 060. Já nos 12 meses do ano passado, não passaram de 11, que, até então, era a média anual. Durante os anos de 2010, 2011, 2012 e 2013, por exemplo, essa estrada registrou 12, 11, 10 e 11 vítimas, respectivamente. Numa estimativa matemática, caso a média de quatro mortes por mês se mantenha na 060, até o fim do ano, serão 48 vítimas, ou, 336% a mais que em todo o ano de 2013, quando de janeiro a dezembro, 11 pessoas morreram.
Outras três aceleram neste fim de semana (veja matéria ao lado), mas que não entraram no balanço da PRF. Para os profissionais das estradas, o principal ator que contribui para esse dado é o aumento no fluxo de tráfego na rodovia, que ocorre em razão da tentativa dos motoristas em evitar o trânsito da BR-163.
O representante do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Mato Grosso do Sul (Sindcam), Osny Carlos Bellinati, 62, afirma que os caminhoneiros que chegam de São Paulo a Mato Grosso do Sul têm optado por entrarem pela 060 e não mais pela 163. “Todos os caminhões que chegam ao Estado, com destino ao norte, entram pela 060 em vez de passar por Três Lagoas e Paranaíba”.
Diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes de Cargas de MS (Sindcargas), Luis Carlos Ferreira, 46 anos, tem avaliação semelhante e comenta que “aumentou muito o fluxo na 060 porque na 163 é demais, e o pessoal tenta desviar de lá, porque são muitos problemas, é muito trânsito, muito buraco em vários trechos, e acontece isso aí, aumenta o trânsito na 060”. Bellinati amplia, falando sobre a dificuldade de outros tipos de meios de transporte em suprirem a demanda de produtos que hoje chega pelas rodovias. “O petróleo, por exemplo, aumentou muito a descarga pela 060.
Isso por que a estrada de ferro não supre nem 10% do consumo em MS e no Mato Grosso”. Para ele, a BR-060 não tem infraestrutura para receber esse aumento de fluxo. “Não tem acostamento ali. Se você parar na margem da pista, está morto! E a polícia não dá conta disso também”, comenta, advertindo que a rodovia possui apenas um redutor de velocidade em toda sua extensão. Ferreira completa que o aumento do tráfego na 060 ocorre desde 2011 e acredita que, quando o pedágio começar a ser cobrado na BR-163, vai crescer mais. “Quando sair esse pedágio vai aumentar mais ainda, porque o pessoal vai querer evitar o pagamento e vai pegar a estrada que não paga”. A reportagem entrou em contato com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) para comentar esse crescimento expressivo na quantidade de vítimas em acidentes na BR-060, mas, até o fechamento dessa edição, nenhum representante foi indicado para dar entrevista pela assessoria de imprensa.
Fonte: Correio do Estado