(Foto: transvias.com.br)
A queda no ritmo da economia impacta sobre o desempenho do setor de transporte, central no processo de produção e consumo. Em Mato Grosso do Sul, há uma frota aproximada de 10 mil caminhões parados, 16% do total dos cerca de 60 mil veículos existentes no Estado, de acordo com estimativa do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado (Setlog–MS).
Segundo o presidente da entidade, Claudio Cavol, a situação provocou o desemprego de 20 mil trabalhadores sul-matogrossenses apenas neste ano. “O setor de transportes é o primeiro que sente a melhora ou a piora da economia. E, agora, com a previsão de queda do Produto Interno Bruto (PIB), a situação do setor deve ficar ainda pior”, comenta Cavol, referindo-se à redução das projeções de avanços da atividade econômica nacional. Na segunda-feira (22), o Banco Central divulgou nova estimativa de recuo da economia – o PIB deve fechar o ano com retração de 1,1% (a projeção anterior era de redução de 0,5%).
Isso ocorre ao mesmo tempo em que a estimativa de alta inflacionária aumenta – a variação esperada passou de 7,9% para 9%. Esse cenário impacta, de imediato, no setor de transporte, dada sua centralidade no processo de produção e consumo – se há desaquecimento do desempenho das atividades econômicas e redução do poder de consumo, haverá menos matérias-primas a serem escoadas às indústrias e, por conseguinte, menos produtos a ser distribuídos nas demais etapas da cadeia.
“Quando o transporte não está bem, todos são afetados: postos de combustíveis, despachantes, revendas de caminhões… ”, listou Cavol. De acordo com ele, cada caminhão gera, em média, três empregos diretos e cinco indiretos em razão das extensões das cadeias das quais participa o setor de transporte. Números apresentados por Cavol ajudam a dimensionar o quadro crítico dos transportes em Mato Grosso do Sul. “Desde novembro, quando teve início esta crise no setor de transportes, de 40 mil a 60 mil pessoas ficaram desemprega das”, estima o presidente do Setlog.
Apenas neste ano, ainda de acordo com Cavol, 20 mil trabalhadores foram demitidos em Mato Grosso do Sul. “E as demissões devem continuar”, projeta. Essa retração está relacionada ao volume de veículos parados. “Nós temos no Estado uma frota de 60 mil caminhões. Desse total, cerca de 10 mil estão parados ou reduzindo a quantidade de viagens”, disse. Ele informou, ainda, que em dois meses o sindicato recebeu pedidos de desligamentos de 12 empresas. “Estão fechando as portas”, frisou.
Muitos caminhões A retração da economia não é único fator da situação do setor de transportes. Cavol destaca que a facilidade de financiamento de caminhões, com crédito especial do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ajudou a desenhar o quadro de crise atual. “Pessoas de outras áreas, sem experiência com transportes, passaram a comprar caminhões. Hoje, tem muita gente vendendo [os veículos] porque não consegue pagar o financiamento”, comenta.
Em 2009, o governo federal lançou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Por este programa, o BNDES financiava 100% do valor de um caminhão e cobrava juros fixos de 7% ao ano, a serem pagos em oito anos. Isso incentivou diversas pessoas a fazer o investimento, gerando uma “bolha de caminhões”.
Vendas de máquinas e caminhões caem 9,6%
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) divulgou um levantamento sobre o faturamento da indústria de máquinas e equipamentos referentes ao mês de maio deste ano, ocasião em que foram movimentados R$ 7,3 bilhões. No entanto, os resultados registraram queda de 9,6% em relação ao mesmo período do ano passado e de 1% em relação a abril deste ano. Até o momento, o setor de máquinas e equipamentos tem faturamento de R$ 36,594 bilhões no ano, o que indica retração de 4,9% em relação ao faturado nos cinco primeiros meses de 2014. Nas exportações a queda é ainda maior.
No mês de maio, foram arrecadados US$ 633,35 milhões, valor 35% inferior ao obtido em maio do ano passado. Já no acumulado do ano, as exportações somam US$ 3,2 bilhões, retração de 20% sobre o que foi registrado no mesmo período de 2014. De acordo com a Abimaq, esta queda é explicada pela atual situação econômica, pela valorização do dólar e pela paralisia nos financiamentos à exportação.
Fonte: Correio do Estado