Estado perde meio bilhão de dólares em receita com exportações

Mato Grosso do Sul perdeu participação no mercado internacional e fechou o primeiro semestre com os piores números da balança comercial dos últimos anos: para o período de janeiro a junho, a receita com as exportações é a menor desde 2012 e o montante relativo às importações é o mais baixo desde 2011. Na comparação com os seis primeiros meses de 2014, deixaram de entrar quase meio bilhão de dólares (precisamente, US$ 498 milhões) originados das vendas externas. O valor recuou 17,36%, de US$ 2,867 bilhões (2014) para US$ 2,369 bilhões (2015). Em se tratando das importações, o montante caiu 28%, de US$ 2,716 bilhões para US$ 1,936 bilhão. Os números, do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior (Alice Web), foram divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Para o economista Thales de Souza Campos, a queda no desempenho da balança comercial sul-mato-grossense se insere no cenário de desaquecimento da economia nacional. Ele observa que há redução de investimentos. “Em função disso, o País para de produzir e parando de produzir para de exportar”, resume.
Campos acrescenta que a atividade industrial, como ocorre com outros segmentos da economia, apresenta números baixos. “A indústria automotiva, por exemplo, registrou queda de 18% neste ano”, citou, referindo-se a dados divulgados na semana passada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
As estatísticas negativas nacionais também se estendem a Mato Grosso do Sul. Entre os reflexos da retração do ritmo das atividades econômicas, está o crescimento das demissões. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), as empresas sul-mato-grossenses criaram, no acumulado de janeiro a maio deste ano (último dado), 2.205 empregos formais, quatro vezes menos que as 8.682 vagas geradas no mesmo período de 2014.
Além disso, houve aumento dos custos de produção, em razão de reajustes expressivos, com destaque à energia elétrica. Essa situação encareceu os produtos nacionais, reduzindo a competitividade do País em relação a outros mercados.

Exportações
O comportamento da economia pressiona para baixo o desempenho da balança comercial. No caso de Mato Grosso do Sul, a receita com as importações, acumulada de janeiro a junho, é de US$ 2,369 bilhões, a menor para o período desde 2012 (US$ 1,968 bilhão). As principais quedas foram apresentadas pelo minério de ferro (-68%, de US$ 244,9 milhões para US$ 76,47 milhões), carnes desossadas de bovino (-39%, de US$ 294,01 milhões para US$ 178,72 milhões) e soja (-14%, de US$ 978,67 milhões para US$ 839,46 milhões).
Essas quedas se relacionam às perdas de parcelas de importantes mercados. A China, por exemplo, principal compradora mundial, reduziu os valores relativos às importações de produtos sul-mato-grossenses de US$ 1,02 bilhão para US$ 977,6 milhões na comparação entre o primeiro semestre de 2015 e de 2014.
Os chineses reduziram, sobretudo, a importação de soja. Os valores originados das vendas da oleaginosa de Mato Grosso do Sul para a China caíram de US$ 787,3 milhões (primeiro semestre de 2014) para US$ 726,81 milhões (mesmo período de 2015).
A queda da receita com as exportações de minério decorre, principalmente, das reduções das compras pela Argentina. Em valores, o recuo, no primeiro semestre deste ano (US$ 75,09 milhões) frente a igual intervalo de 2014 (US$ 239,14 milhões), foi de 68%.
Em se tratando da carne, os russos, principais importadores do alimento, destinaram montante 74,86% menor a Mato Grosso do Sul: o valor caiu de US$ 160,74 milhões para US$ 40,408 milhões se comparados os seis primeiros meses de 2014 e de 2015.

Importações
O montante das importações também é modesto em relação aos anos anteriores. O valor, acumulado de janeiro a junho de 2015 (US$ 1,936 bilhão), é 28% inferior ao de iguais meses de 2014 (US$ 2,716 bilhões). Também é o menor para o período desde 2011 (US$ 1,91 bilhão).

Fonte: Correio do Estado