Ferrovia precisa de R$ 1,9 bilhão para ser reativada em MS

(Foto: jpnews.com.br)

Aporte financeiro de R$ 1,9 bilhão é necessário para garantir a viabilidade econômica das atividades da ferrovia que liga Corumbá a Mairinque (SP), segundo estudo apresentado ontem. O governo descartou a desativação das atividades da Malha Oeste, que tinha sido cogitada pela empresa responsável, Rumo ALL, em maio. A garantia dos serviços depende de uma série de investimentos acordados entre o Estado e a operadora, com o objetivo de elevar de 6,7 milhões de toneladas/ano para 14,5 milhões de toneladas/ano a capacidade da ferrovia.

“O risco de encerramento da ferrovia foi descartado. Foi feito todo um estudo do governo estadual junto da Rumo ALL que resultou num conjunto de compromissos. Nós vamos ter um projeto para reativação da Malha Oeste da ferrovia. Mato Grosso do Sul tem volume de carga suficiente para viabilizá-la e agora temos que sentar com o setor produtivo e mostrar que com a tarifa [do setor] é possível transportar pela ferrovia”, afirmou o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semad), Jaime Verruck. De acordo com o secretário, a Rumo ALL deve levantar o capital de R$ 1,9 bilhão e iniciar os investimentos até fevereiro de 2016.

Em contrapartida, o Estado comprometeu-se a oferecer incentivos e articular junto ao governo federal pedido de isenção do imposto de renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para os investimentos da empresa. Também será requerido à União renovação do contrato de concessão de11 para mais 30 anos. “É uma exigência que a Rumo All fez, porque em 11 anos não tem como ter o retorno do R$ 1,9 bilhão investido”, explica. O estudo de viabilidade econômica reuniu especialistas em logística e representantes do governo estadual, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), da Associação Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da Rumo ALL, da Ferroviária Oriental da Bolívia, da Ferrovia Tereza Cristina e da Transfesa. O levantamento considerou que a história da ferrovia começou há 100 anos, com a definição do traçado e a construção da infraestrutura que permanece até hoje. E a grande maioria das locomotivas e vagões ainda é dos anos 60 e 70.

Expansão

A Malha Oeste transportou cerca de 6,7 milhões de toneladas em 2014. De acordo com o estudo, considerando uma tarifa competitiva, é necessário que o volume atinja 14,5 milhões de toneladas anuais para sustentar a viabilidade da ferrovia na região. Segundo o secretário, a ferrovia hoje tem três operações ativas, que transportam vergalhão de ferro e minério (de Corumbá) e celulose (de Três Lagoas). A expansão das atividades depende, principalmente, do setor de papel e celulose, que tem previsão de dobrar a produção nos próximos anos com a ampliação da Fibria e Eldorado. Outro desafio está no crescimento expressivo do transporte de combustíveis, saltando de 5% transportados em 2014 para 75% da participação do mercado.
O estudo ainda contempla o aumento da captação da carga geral produzida e consumida no Estado, além da manutenção das cargas atuais, como o minério da região de Corumbá. Para atingir a meta de crescimento, no entanto, é necessário o investimento de R$ 1,9 bilhão, a fim de melhorar o nível de segurança, a capacidade e a eficiência. São necessárias obras de infraestrutura e superestrutura, adequação de pontes e passagens em nível, extensão e construção de pátios e aumento de carga por eixo. Além disso, a compra de mais de 70 locomotivas e de 2 mil vagões.

Outro lado

Apesar das ações propostas, para o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias, a resolução da crise na ferrovia está longe de sair do papel e as atividades já estão desativadas na prática. “Falaram que está descartada a desativação, mas já está desativada a ferrovia. Está funcionando apenas o mínimo, sem os funcionários suficientes. Isso não é manter em operação”, denuncia o assessor administrativo do sindicato, Wiliam Alvaro Monteiro. O sindicato afirma que, desde maio, 200 funcionários já foram demitidos e que “demissões estão sendo feitas todos os dias”. A instituição defende que seja feita uma auditoria para apurar a aplicação do dinheiro público na gestão da Rumo ALL.

Para os trabalhadores, a administração da ferrovia, desde 2006, pela ALL e depois a junção com a Rumo são as responsáveis pelo caos do setor. A reportagem entrou em contato com a Rumo ALL, mas a assessoria de imprensa informou que a empresa só vai se manifestar por nota, divulgada com as informações relativas apenas ao resultado do estudo. O secretário Verruck informou que será feita reunião com o sindicato para abordar os investimentos e as obras na ferrovia. Encontro com os prefeitos das cidades por onde a malha oeste passa também deverá ser marcado.

Fonte: Correio do Estado