Governo de MS cogita decretar emergência por causa das chuvas

(Foto: Correio do Estado)

Após 14 municípios decretarem situação de emergência diante dos estragos causados pela forte chuva que atingiu Mato Grosso do Sul na última semana, prefeitos estimam prejuízo que varia de R$ 1,8 milhão a R$ 14 milhões. O governo estuda decretar situação de emergência, uma vez que a medida possibilita pleitear recurso federal e acelerar os trâmites jurídicos para a construção de novas pontes, recuperação de estradas e rodovias. Representantes das cidades afetadas estiveram reunidos na manhã de ontem com integrantes da administração estadual e da Defesa Civil, na Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), para expor a situação e apresentar o Formulário de Informação de Desastres (FID).

De acordo com o governador, Reinaldo Azambuja, o reparo mais urgente deve ser nas pontes. “Estamos estudando a possibilidade de Mato Grosso do Sul decretar situação de emergêcia porque muitos dos investimentos de pontes têm urgência. Ponte é demanda de contratação”, explicou o governador. Pelo fato de muitas pontes estarem em rodovias municipais, o processo de reparo é diferente. “Precisa ter uma regra e condições jurídicas para entrar com esses investimentos”, destacou Azambuja. Ainda segundo ele, equipes estão nas regiões afetadas monitorando e ajudando no que for possível. “Têm muitas pontes que passam por processo de manutenção”, completou. O FID é elaborado 10 dias após a cidade decretar emergência. Os municípios afetados pela chuva são 15, entre eles Mundo Novo, que ainda não decretou emergência. Tacuru, Naviraí, Coronel Sapucaia, Amambai, Sete Quedas, Paranhos, Caarapó, Iguatemi, Novo Horizonte do Sul, Juti, Aral Moreira, Eldorado, Itaquiraí e Japorã decretaram situação de emergência.

ABASTECIMENTO

Em algumas cidades o abastecimento de água está comprometido. Em Coronel Sapucaia o fornecimento ficou interrompido por alguns dias e Juti pode ser o próximo, de acordo com o presidente do Consórcio Intermunicipal do Cone Sul e prefeito de Amambai, Sérgio Barbosa. “A tubulação foi rompida em decorrência da erosão do solo”, ressaltou. Sete Quedas foi a cidade que mais sofreu com a tempestade. Conforme informações do coordenador da Defesa Civil, Isaias Bittencourt, a cidade é considerada a mais afetada pela chuva nos últimos anos. Só na última semana o acúmulo de água registrado foi de 578 milímetros. O prefeito do município, José Gomes Golarte calcula prejuízo de R$ 2 milhões aos cofres públicos e se diz de mãos atadas para resolver o problema. “Não sei o que eu vou fazer”, desabafou o prefeito.

O prefeito de Sete Quedas cogita ir pessoalmente até o Ministério de Integração Nacional, em Brasília, solicitar ajuda para recuperar a cidade. O prefeito de Tacuru, Paulo Pedra Rodrigues foi o primeiro do estado a decretar situação de emergência. Segundo ele, aldeias e fazendas estão isoladas, nove pontes quebraram, três estão submersas e seis ficaram danificadas. Reformada no ano passado em parceria com fazendeiros, usineiros e prefeitura, a ponte de Juti, com 80 metros de extensão, não existe mais. Toda de madeira, a reforma não contou com recursos estaduais. “Era uma ponte municipal, não recebemos recurso do governo”, explicou a prefeita Isabel Cristina Rodrigues, impressionada com a situação que a cidade ficou. “Em 35 anos nunca vi nada igual. Estradas estão intransitáveis.

Teve dia que a BR-163 fechou por conta de alagamento. Em apenas dois dias choveu 170 milímetros”, contou a prefeita. Sem recurso federal Isabel garante que não será possível recuperar a cidade. “Com recursos próprios não temos condições”, lamentou. De acordo com o prefeito de Paranhos, Júlio Cézar de Sousa, 10 pontes ficaram comprometidas e duas foram levadas pela chuva. Com a quantidade de água, o nível do rio subiu e estradas ficaram alagadas. A ponte estadual do Rio Iguatemi, de 80 metros de extensão, foi levada pela chuva. Só a ponte é orçada em R$ 1 milhão. Segundo o prefeito, este ano a ponte recebeu manutenção duas vezes. Até o momento foram detectadas 40 pontes municipais destruídas pela chuva, e outras 21 danificadas. Entre as pontes estaduais, duas danificadas e uma destruída.

RODOVIAS INTERDITADAS

As chuvas as dos últimos dias já ameaçam o escoamento da safra de Mato Grosso do Sul. O tráfego entre Ponta Porã e Guaíra (PR) está interrompido por causa dos problemas na MS-295 em Tacuru. Na divisa com o Estado do Paraná, em Naviraí, parte da MS-487 cedeu perto de uma das vazantes do Rio Amambai. A rodovia é uma das principais ligações com o norte e noroeste do Paraná.


Fonte: Correio do Estado