Inadimplência de empresas atinge R$ 19 milhões na Capital

(Foto: gaiarural.com.br)

Campo Grande tem quase três mil empresas inadimplentes, que acumulam dívida de mais de R$ 19 milhões, segundo dados de setembro do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). O débito dos empresários é 125% maior e o número de empresários com débitos cresceu 211%, quando comparados com as informações do mesmo período de 2013. Só nos últimos doze meses, como reflexo da crise financeira que castiga a economia de diversos setores, o montante da dívida praticamente dobrou em setembro de 2014, o total era de R$ 10,3 milhões. O número de empresas negativadas era de 1.469 no ano passado – crescimento de 95% em comparação com o resultado de 2015. “Esses números mostram uma tendência que é real, de aumento muito grande no número de empresas, principalmente pequenas e médias, que não estão conseguindo pagar suas contas”, alerta o diretor da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, João Carlos Polidoro.

Ele explica que o cenário é reflexo da crise financeira, que fez o cliente pisar no freio nas compras. “As vendas diminuíram, mas as contas continuam vencendo e o empresário não tem dinheiro para pagar”, diz. São consideradas inadimplentes as empresas que estão com despesas vencidas por mais de 45 dias. Os dados preocupam, já que quanto maior o número de inadimplência mais alto é o risco de empresas fecharem em razão das contas no vermelho. “O empresário não consegue se manter por muito tempo. Temos visto muitas empresas decretarem falência”, revela. Polidoro explica que, geral mente, o período de fim de ano é favorável para as empresas (em especial, o comércio) conseguirem colocar as finanças em dia, por causa das compras para as festas do período. “Quem consegue chegar até novembro e dezembro normalmente consegue sair desse cenário de dívidas. Mas, se continuar a crise em 2016, ele [empresário] não vai ter fôlego para pagar as contas”, frisa o presidente.

Mais prejudicados

O SCPC não tem o detalhamento da dívida por setores, mas a associação acredita que o comércio responda pela maior parte da inadimplência. “A empresa comercial tem um produto que precisa vender e, se não consegue, não gera lucros e fica sem recursos para o fluxo de caixa. O resultado é que acaba ficando inadimplente. Vira uma bola de neve”, detalha. Além disso, a empresa inadimplente também é o reflexo do cliente que não está conseguindo pagar suas contas em dia. Os empreendimentos de micro a médio porte são outro setor mais prejudicado pelas dificuldades econômicas. “Esse empresário tem pouca reserva de capital, pouco faturamento, para conseguir manter o fluxo de caixa”, explica.

Em novembro, a Associação Comercial realiza tradicionalmente a campanha de incentivo à regularização das contas, tanto para empresas como pessoas físicas. “É um incentivo para ficarem em dia. O empresário inadimplente não consegue fazer novas compras, não consegue crédito”, enfatiza.

Nacional

Dados nacionais revelam que o número de empresas inadimplentes bateu recorde em agosto: são 4 milhões, com R$ 91 bilhões em dívidas no País, de acordo com levantamento da Serasa Experian. Em maioria, os inadimplentes, 46%, são comerciais, 44% são do segmento de serviços e 9% são indústrias.

Fonte: Correio do Estado