Linha férrea do Sudeste até Peru “sepulta” o corredor bioceânico

(Foto: transportabrasil.com.br)

O fundo de investimentos do Brasil e da China no valor de US$ 50 bilhões para investimentos em infraestrutura, que vai financiar uma linha férrea da costa brasileira no oceano Atlântico até a costa peruana no pacífico, deve sepultar de vez a possibilidade de ser criado o Corredor Bioceânico Ferroviário passando por Mato Grosso do Sul. Um sonho de mais de 15 anos que já teve estudos do Ministério dos Transportes, universidades e outros órgãos, mas que não foram adiante.

Este fundo que deve ser oficialmente anunciado esta semana vai custear linha ferroviária que irá da costa brasileira no oceano Atlântico até a costa peruana no Pacífico a fim de reduzir os custos de exportações para a China, afirmou o Jornal Folha de São Paulo, na semana passada. Esta linha férrea sairá do Rio de Janeiro, passando por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Rondônia e Acre. Com esse trajeto, Mato Grosso do Sul acaba excluído da ligação férrea direta com Pacífico, proposta defendida pelos governadores do Estado nos últimos 15 anos.

Essa possível exclusão já havia sido apontada por estudos da Confederação Nacional da Indústria (divulgado em outubro de 2013), nos quais o Projeto Centro Oeste Competitivo apontou que o índice de atratividade para o investidor da Rodovia de Antofagasta, no norte do Chile, e da Ferrovia Arica, também no Chile, passando pelo Estado, numa escala de zero a 1 (quanto mais próximo de 1, maior o interesse), está muito próximo de zero em virtude do baixo retorno sobre o investimento. Estes dois projetos ficam abaixo dos 0,25 nesta escala.

No ano da divulgação do Projeto, o então governador André Puccinelli defendeu a interligação dos eixos de transportes rodoviário e ferroviário do Brasil com a Bolívia, Paraguai e Chile, criando arquivo do o corredor bioceânico Atlântico-Pacífico, como uma das alternativas para reduzir o custo Brasil e que tornaria Mato Grosso do Sul o Estado mais competitivo da região. “Temos um sistema intermodal pronto, que precisa ser recuperado e se tornar eficiente, e uma posição geográfica estratégica que nos deixa à frente das demais regiões produtoras”, comentou Puccinelli à época.

Também ele defendeu a uniformidade da legislação no Mercosul para que a exportação possa ser realizada pelos portos do Chile, explicando que esteve no país vizinho para defender o uso desta alternativa para o escoamento da produção sul-mato-grossense. Estudos encomendados pelo Governo do Estado apontam que a utilização dos portos chilenos pode reduzir em 80% o custo de  transporte.  Estas afirmações de Puccinelli foram mais uma tentativa de viabilizar o Corredor.

Em 11 de outubro de 2003, um consórcio de seis empresas (RTZ Mineração, Cargil, Odebrecht, Vale do Rio Doce, Brasil Ferrovias e Ferrovia Oriental) assinaram em Corumbá, na presença de Lula, um protocolo para recuperar a malha ferroviária entre Bauru (SP) e Corumbá (MS), e no final daquele ano foi apresentada a equação para viabilizar a revitalização da ferrovia e, consequentemente, viabilizar o  corredor.

Porém, nada disso concretizou-se e na semana passada a denúncia de sindicato de ferroviários aponta que a ALL pode desativar o trecho entre São Paulo e Corumbá, ato que contribui também para sepultar de uma vez a possibilidade de ser criado o corredor bioceânico. Última tentativa Por considerar estratégica a rota ferroviária bioceânica, o deputado federal Elizeu Dionizio (Solidariedade/MS) afirmou que vai conversar com o Ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, para enfatizar a importância do projeto para Mato Grosso do Sul.

“Não podemos ficar sem este corredor, que reduz em muito o custo de exportação da produção sul-mato-grossense”, destacou o parlamentar explicando que a linha férrea cortando o Estado é fundamental para o Brasil, uma vez que reduz o tempo gasto para se chegar aos portos do Pacífico e, consequentemente, ao continente asiático, principalmente a China.

Fonte: Correio do Estado