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A Oxygroup, empresa que produz gases usados em processos industriais, planeja fechar sua fábrica em Pará de Minas, em Minas Gerais, e transferi-la para o Paraguai, com um investimento de cerca de R$ 30 milhões. No país vizinho, a energia é 65% mais barata e os encargos trabalhistas são bem menores. A Oxygroup é apenas uma das empresas brasileiras que estão migrando para o Paraguai ou transferindo para lá parte da produção. A Lei de Maquila paraguaia, que oferece isenção fiscal para importação de bens de capital, elimina imposto de renda e estabelece taxação única de 1% sobre o faturamento, já atraiu 42 empresas brasileiras desde 2014. Segundo Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), cinco indústrias brasileiras estão em estágio final de aná- lise para abrir fábricas no Paraguai, já escolhendo as cidades para instalação. De acordo com a associação da indústria têxtil e de confecção (Abit), 28 companhias do setor estudam investimentos no Paraguai.
Além do custo de energia menor (o País gera mais que consome) e dos incentivos fiscais, a mão de obra é 30% mais barata que no Brasil e a carga tributária é de 16,4%, segundo a OCDE, o bloco das economias avançadas. No Brasil, a alíquota é de 35,7% e na Argentina, de 31,2%. O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, está no país em uma missão da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com representantes de 92 empresas brasileiras. “O Paraguai tem pouca densidade industrial e muito interesse em integração produtiva”, disse Monteiro à Folha. Ele nega se tratar de uma fuga de indústrias do Brasil para o Paraguai, mas, sim, de transferir para o país vizinho apenas algumas etapas da produção. Na visão dos empresários brasileiros, o atual governo paraguaio é “amigável aos negócios” e representa estabilidade política, ao contrário do vizinho argentino, que impõe excessivas barreiras para importação e remessa de capitais. “O Paraguai tem uma legislação de proteção a investimento que deixa os investidores mais tranquilos, garantindo indenização em caso de expropriações”, diz Diego Bonomo, gerente-executivo de comércio exterior da CNI.
EM EXPANSÃO
Além disso, o país integra o sistema geral de preferências europeu, podendo exportar com tarifa zero ou baixa para o bloco (o Brasil foi retirado). O ritmo de crescimento tem conta: a economia paraguaia avançou 14,25% em 2013,4,38% em 2014, e deve crescer 4% este ano e 4% no ano que vem, segundo dados do FMI. Enquanto isso, Brasil deve encolher 2% este ano. Segundo os dados mais recentes do Banco Central, o investimento brasileiro direto no Paraguai passou de US$ 117 milhões em 2007 para US$ 641 milhões em 2013, expansão de 447%. Na Argentina, os investimentos são maiores, mas estão em queda – eram US$ 5,5 bilhões em 2012 e diminuíram para US$ 4,6 bilhões em 2013. O número de investidores brasileiros no Paraguai praticamente dobrou. Eram 53 em 2007 e 104 em 2013.
Na Argentina, eram 231 em 2007 e 322 em 2013. “A ideia é usar o país como plataforma de exportação ou fazer integração produtiva com o Brasil, transferindo para lá partes do processo industrial para tornar o produto final mais competitivo”, diz Bonomo. “É a chance de desenvolvermos uma cadeia de valor na região.” A entidade pressiona para que o Brasil feche com o Paraguai um acordo para eliminar a bitributação. Segundo Batista, da Abrinq, a transferência de produção para o Paraguai ajudou a salvar a indústria nacional de brinquedos.
Fonte: Correio do Estado