Montadoras perdem R$ 41,9 bilhões em faturamento nos últimos quatro anos

(Foto: metalurgicosdeminas.com.br)

Nos últimos quatro anos, a indústria nacional de veículos perdeu R$ 41,9 bilhões em faturamento e cortou as remessas de lucro a suas matrizes no exterior em US$ 3,6 bilhões. Ao mesmo tempo, o setor passou a depender dos controladores estrangeiros para financiar necessidades de capital de curto prazo, o que já levou à captação de mais de US$ 3,3 bilhões via empréstimos corporativos apenas neste ano.

Os números fazem parte de uma radiografia da crise automotiva apresentada pela Ford em um congresso organizado no centro da capital paulista pela Autodata para discutir perspectivas do setor. Compõe ainda o quadro a queda, também em quatro anos, de 1,1 milhão das vendas de veículos, com redução quase na mesma proporção (1 milhão de unidades) da produção.

“Não podemos dizer que há um processo de estabilização do setor automotivo e isso é muito preocupante”, disse Rogelio Golfarb, vice-presidente de assuntos corporativos da Ford ao comentar os resultados do levantamento.

Se 2015 tem sido dramático para a indústria automobilística, 2016 poderá ser um ano ainda pior. Em um ambiente de competição acirrada e custos de produção crescentes, dirigentes de montadoras reclamaram durante o congresso das margens de rentabilidade que, segundo eles, estão cada vez mais deprimidas.

Roberto Cortes, presidente da MAN, adiantou que a montadora antecipará para novembro parte do reajuste de 7,5% da linha que estava previsto para janeiro. Segundo Cortes, a indústria brasileira de veículos comerciais pesados – entre caminhões e ônibus – está operando com ociosidade superior a 70%.

Se considerada também as fábricas na Argentina, que complementam a produção brasileira, a ociosidade fica em 41%, segundo dados da Ford.

Em geral, representantes da indústria automobilística ainda enxergam um futuro promissor no longo prazo, razão pela qual nenhum investimento foi suspenso até o momento.

Fonte: Valor Econômico