(Foto: Correio do Estado)
Oito meses depois de o Correio do Estado publicar uma série de reportagens questionando a qualidade das pavimentações de estradas que cruzam Mato Grosso do Sul, o governo estadual informou apenas agora que determinará a criação de uma auditoria geral para investigar os contratos com empreiteiras que receberam milhões de reais para asfaltar as rodovias estaduais que, mesmo prontas, têm trechos esfarelados e cheios de buracos. (Leia mais em matéria abaixo) A reportagem retornou ontem na rodovia MS-436, estrada que liga Camapuã, Figueirão até a cidade de Alcinópolis, norte do Estado, distância de 163 quilômetros, extensão que consumiu R$ 215 milhões, recurso estadual e federal.
A via em questão foi inaugurada em abril de 2013. De Camapuã a Figueirão, distância de 47,1 quilômetros, dezenas de buracos e remendos enfeiam a via e representam riscos à segurança dos motoristas. No km 85 desta estrada, por exemplo, num trecho de 10 metros, buracos espalhados dos lados da pista são vistos aos montes. Para escapar dos solavancos e da possibilidade de danificar os veículos, os motoristas avançam ao lado contrário da pista, uma saída arriscada, num ponto de sinalização de faixa contínua. Além de conviver com as crateras ao longo dos 163 km, motoristas que transitam pela MS-436 enfrentam outro risco, o asfalto esfarelado. Exemplos de danos não faltam.
PREJUÍZOS
João Carlos Avelino Alves, conhecido em Figueirão como João dos Fretes, disse que na segunda-feira passada (31 de agosto) saiu de Camapuã pilotando sua motocicleta rumo a Figueirão. “Ia fazer a vistoria no Detran, mas fui impedido. Isto porque já próximo à cidade um carro de passeio passou por mim e, como o asfalto está solto, voou em minha direção o pedaço de uma pedra”, disse ele. A “pedrada” atingiu o farol da motocicleta de João que, ao menos por enquanto, adiou a revisão no veículo. “Com farol quebrado não se faz vistoria. Agora, tenho de comprar outro, e isto significa que levei um prejuízo”, queixou-se João dos Fretes. Dias antes, João seguia de caminhonete pelo trecho da mesma rodovia e outro incidente também causou-lhe perdas.
Desta vez, a pedrada atingiu o para-brisa do veículo. “Por sorte, apenas trincou e ninguém se machucou. Mas o certo é que pela má qualidade na pavimentação da rodovia vou ter de desembolsar uns R$ 700”, disse João. Fernando Oliveira Lazarim, dono de marcenaria em Figueirão e que trafega diariamente pela MS-436, também vai amargar prejuízo com o esfarelamento do asfalto da rodovia. “Responsáveis pela pavimentação desta estrada deveriam assumir a conta (reparo no para-brisa). Afinal, quem paga os milhões pela obra somos nós, não é?”, questionou Lazarim.
BURACOS
É possível notar com facilidade a má qualidade na pavimentação da MS-436, principalmente em trechos que ligam Camapuã a Figueirão. Já na saída para Figueirão, no quilômetro 8, a pista foi danificada por buracos. Perto dali, percebe-se que a estrada já havia sido reparada. A buraqueira e o esfarelamento do asfalto ocorrem também nos quilômetros 10, 11, 30, 32, 38, 86, 88, 105.
Fonte: Correio do Estado