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SÃO PAULO – A Mercedes – Benz propôs reduzir em 10% o salário de todos os trabalhadores de seu parque industrial no ABC paulista para, em contrapartida, manter por mais um ano os empregos dos cerca de 10 mil funcionários da fábrica. A proposta, que está sendo votada nesta quinta¬-feira pelos empregados da companhia, prevê ainda um corte de 20% da jornada de trabalho. A votação começou às 9h desta quinta e vai até as 21h. O resultado, porém, só será divulgado nesta sexta¬-feira. Pela proposta, além dessa redução dos salários — válida por doze meses —, a montadora quer reduzir pela metade o reajuste salarial previsto para maio, que, por um acordo firmado em setembro, estabelecia aumento equivalente à toda variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Da mesma forma, a Mercedes não vai conceder promoções salariais durante o período de vigência do novo acordo. A proposta foi alinhada com o sindicato dos metalúrgicos da região com o objetivo de evitar demissões, dada a grave crise atravessada pela indústria de veículos comerciais.
Números divulgados nesta quinta pela Fenabrave, a entidade que abriga as concessionárias de veículos, mostram que as vendas de caminhões caem em 2015 para o volume mais baixo em nove anos. De janeiro a junho, os emplacamentos desse veículo recuaram 42,1%, para um total de apenas 37,4 mil unidades. Segundo o sindicato dos metalúrgicos do ABC, se a proposta for aprovada, a Mercedes se compromete a manter os empregos de todos seus trabalhadores na região no período de 1º de agosto a 30 de julho de 2016. A montadora se dispõe ainda a recontratar os empregados que foram demitidos há pouco mais de um mês em número equivalente ao total de operários que aderirem a um programa de demissões voluntárias (PDV) a ser aberto. Esse PDV será destinado a funcionários que têm direito de estabilidade de empregos ou que estão próximos da aposentadoria. De acordo com o sindicato, a Mercedes já calcula em 2 mil empregados o excesso de mão de obra na fábrica de São Bernardo do Campo, anteriormente estimado em 1,75 mil funcionários. Nesta sexta-¬feira, a fábrica volta a parar e só retoma as atividades no dia 13 de julho. Procurada pelo Valor, a Mercedes não comentou as informações da entidade que representa os trabalhadores.
Fonte: Valor Econômico