(Foto: Correio do Estado)
Primeira refeição do dia está pesando até 15,44% mais no bolso do campo-grandense, superando inclusive a inflação acumulada nos últimos 12 meses na Capital (até agosto), de 9,47%. É o que mostra pesquisa de preços para o café da manhã, feita pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nepes) da Anhanguera-Uniderp. De um total de 10 itens pesquisados, sete tiveram alta, com destaque para o pão francês – em um ano, o quilo do produto passou de R$ 7,69 para R$ 8,88, conforme o levantamento. De acordo com os números do Nepes, também tiveram aumentos expressivos o queijo muçarela (9,79%), que custava em média R$ 23, 59 o quilo em setembro do ano passado e neste mês passou para o valor de R$ 25,90; e o requeijão (7,11%, de R$ 5,06 para R$ 5,42 o preço médio).
O preço médio do café em pó avançou 4,77%, de R$ 5,86 para R$ 6,14. Já para o iogurte, a alta encontrada foi de 4,06% (de R$ 4,18 para R$ 4,35), e para a manteiga e margarina, de 2,62%, passando de R$ 5,33 para R$ 5,47. O presunto teve majoração menor, de 1,83% (o quilo do produto custava em média R$ 20,75 há 12 meses e agora vale R$ 21,13). Em contrapartida, o açúcar apresentou queda de preços de 3,37%, como preço médio recuando de R$ 2,96 para R$ 2,86 de setembro do ano passado para este ano. O mesmo foi constatado com o leite longa vida, que teve decréscimo de 2,11% em seu preço médio – de R$ 2,84 para R$ 2,78 – e também para o quilo da mortadela, que passou de R$ 9,95 para R$ 9,77, redução de 1,80%.
Mercado
Segundo análise do coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nepes) da Anhanguera-Uniderp, Celso Correia de Souza, a alta do pão francês, de 15,44%, acompanhou a elevação de preços dos combustíveis, da energia elétrica e também a escalada do dólar, já que a farinha de trigo, uma das principais matérias-primas, é importada, o que era inevitável para o aumento de preço do produto. Já o aumento dos preços do café em pó estariam relacionados a fatores climáticos na produção, segundo o coordenador do Nepes. “As condições adversas do início do ano, entre janeiro e fevereiro, contribuíram para afetar a safra do produto no País e consequentemente provocar a alta nos preços”, explicou.
Para itens como a manteiga e demais produtos lácteos, o pesquisador destaca que houve aumento dos custos de produção no início do ano, porém o consumidor só está sentindo o reflexo agora, por se tratarem de industrializados. “Como manteiga e margarina são produtos substitutos, por exemplo, existe ainda uma migração de um para o outro, e com o aumento da demanda, os preços também são afetados”, destacou. Entre os embutidos, como presunto e mortadela, a alta de preços também chegou com uma defasagem de até três meses pela mesma razão que os derivados do leite, mas o pesquisador da Uniderp observa que a tendência é esses preços retornarem a patamares anteriores normais no fim do ano
Quedas
No caso do leite longa vida, que teve queda de até 6,69% em uma das marcas pesquisadas, o professor Celso Correia de Souza destaca que o produto vem de um histórico de oscilação de preços ao longo do ano. Em janeiro e fevereiro, o valor aumentou muito, mas agora, com melhora do clima e início das chuvas, há também um aumento da produção. Além disso, com a produção mundial de leite em alta, existe excesso do produto no mercado internacional. “Também estamos entrando na fase de criação de bezerro, o clima está muito bom e a melhora de produção pode contribuir para que os preços caiam ainda mais no Estado até o fim do ano”, enfatizou.
Já a redução de preços de até 7,96% para o açúcar, detectada pela pesquisa no varejo campo-grandense em 12 meses, é considerada passageira e decorrente de aumento de oferta do produto no mercado interno, segundo o professor. “Os preços do produto no mercado internacional aumentaram. Além disso, estamos com uma safra muito boa de cana e produzindo etanol em escala muito maior, quase 20% mais que na safra do ano passado, o que favorece a produção tanto de açúcar como de etanol. As empresas estão atendendo o mercado externo, mas a produção está tão alta que está sobrando açúcar no mercado interno. Porém, isso deve ser momentâneo; a tendência é que se aumente mas exportações e o preço se realinhe”, analisou. Portanto, segue válida a regra de ouro de todo consumidor: pesquisar preços e marcas, sempre.
Fonte: Correio do Estado