(Foto: Correio do Estado)
Trechos da MS-040, rodovia que liga Campo Grande à cidade de Santa Rita do Pardo, continuam esburacados. Concluída no fim do ano passado, há dez meses, recai sobre esta obra, que custou R$ 306 milhões, a suspeita de que foi superfaturada e a qualidade do asfalto é duvidoso. As sucessivas notificações do governo do Estado às empresas responsáveis pela manutenção parecem estar sendo inúteis. A pavimentação da MS-040 é parte da Lama Asfáltica, operação da Polícia Federal, deflagrada em julho passado e que identificou um esquema que envolve empreiteiras em fraudes em licitações. Na edição publicada no dia 16 de julho passado, a reportagem deste jornal transitou pelos 214 quilômetros de asfalto que ligam as duas cidades.
À época, com sete meses de inaugurada, trechos da rodovia já estavam esburacados e havia dezenas de remendos no chão, indicando que o asfalto pavimentado era de qualidade incerta. A Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) anunciou um dia depois da publicação que havia advertido as empreiteiras e determinado que os reparos fossem feitos logo. A reportagem retornou ontem à rodovia e, mesmo com alguns buracos tampados, notou outros remendos e outras crateras abertas, principalmente nos acostamentos da pista. No quilômetro 70 da MS- 040, por exemplo, cerca de oito metros da pavimentação cederam, dano que deixa a extensão como um dos mais arriscadas da estrada. Caminhões carregados passam a centímetros de distância do buraco. Outras rachaduras foram vistas ao longo dos 214 quilô- metros, mas as fissuras maio res aparecem nos quilômetros 86 e 120, metade do caminho para Santa Rita.
A assessoria de imprensa da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul) informou que a agência fiscaliza os reparos e que as empreiteiras têm prazo definido para efetuar a tarefa. Contudo, segundo a assessoria, ontem à tarde ninguém da direção do órgão poderia tratar do assunto porque participava de reunião com servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). De acordo com a Agesul, depois de concluída a obra, as empresas responsáveis, por determinação contratual, pre cisam cuidar da manutenção da estrada por cinco anos.
QUEM CONSTRUIU
A rodovia MS-040 foi pavimentada por cinco empresas, a Proteco Construções, Equipe Engenharia, Equipav Engenharia, Encalso Construções Ltda. e a CGR Construtora. De acordo com a operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, as deteriorações maiores aparecem em trechos pavimentados pela Proteco, construtora de João Amorim, empreiteiro tido como pivô do esquema das fraudes em licitações e superfaturamento da obra. A Controladoria-Geral da União (CGR), que também investiga irregularidades na rodovia, informou que a qualidade da obra e o suposto superfaturamento são investigados desde julho passado, mas até agora nenhum relatório acerca da vistoria foi divulgado.
A CGU, PF, Ministério Público Federal e também a Receita Federal apuram as irregularidades na MS-040 porque a rodovia foi financiada com recursos federais, no caso, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, o BNDES. Além da 040, há suspeitas de irregularidades também na rodovia MS-430, estrada que liga Rio Negro à cidade de São Gabriel do Oeste.
Fonte: Correio do Estado