(Foto: Correio do Estado)
Com câmbio favorável e números recordes na produção, área e produtividade, a safra de grãos se torna um oásis em meio ao deserto da retração econômica. Em Mato Grosso do Sul, a safra 2014/15 soma 16,55 milhões de toneladas de grãos, informou ontem a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seu 12º e último levantamento desta safra. Esse volume, que corresponde ao quarto recorde consecutivo, ocorre em um momento de disparada do dólar, o que torna atrativas as commodities brasileiras e acelera o ritmo da comercialização. Até o momento, os produtores do Estado já venderam o total de 12 milhões de toneladas de soja e de milho nesta safra.
A atual safra sul-matogrossense de grãos completa o quarto recorde seguido em produção e o quinto em área e em produtividade. Estão sendo colhidos, neste ano, 16,55 milhões de toneladas de grãos, 42% acima do volume da safra 2011/12 (11,61 milhões de toneladas), quando teve início a trajetória de altas consecutivas. Em se tratando de área, os recordes seguidos têm início na safra 2010/11 (2,965 milhões de hectares) – desde então, a área avançou 36%, alcançando, neste ano, 4,043 milhões de hectares. O incremento da produtividade também colabora para a colheita recorde: neste safra, a produtividade média é de 4,09 toneladas por hectare, aumento de 33% sobre o resultado da safra 2010/11 (3,07 milhões de toneladas). Esses números se tornam ainda mais significativos considerando o momento cambial. O dólar, cotado a R$ 3,85, contabiliza alta de 68% em relação a mesmo período do ano passado, quando estava em R$ 2,29. “Estamos quase no céu”, disse o analista da Granos Corretora, Carlos Davalos, dimensionando o bom momento vivido pelas commodities agrícolas em um cenário de desaquecimento das demais atividades econômicas do País.
O analista observa que o real desvalorizado compensa as quedas dos preços internacionais dos produtos agrícolas. “O preço está baixo em dólar, mas convertido para real, está compensando, e muito”, afirma. “Estamos com ótima liquidez do milho e da soja”, acrescentou. Com o ritmo de comercialização acelerado, a safra de grãos não deve enfrentar problemas sérios de estocagem mesmo com produção recorde. “Mas o produtor não pode errar na venda”, alertou, referindo-se, sobretudo, ao milho safrinha. “O milho precisa ser vendido nesta janela de setembro a novembro. Depois disso, o mercado começa a ficar de olho no milho de verão a ser plantado pelos estados do Sul”, explicou.
Comercialização
Segundo dados da Granos, os produtores de Mato Grosso do Sul já venderam, na modalidade spot (grãos disponíveis), 89,4% da safra atual de soja e 59,3% da produção de milho, o que corresponde a aproximadamente 12 milhões de toneladas de grãos. No mercado futuro, também é considerável o volume já comercializado. A soja, cujo plantio da safra 2015/16 está prestes a começar em Mato Grosso do Sul, tem uma parcela de 27% já vendida. Também a comercialização do milho segue em ritmo acelerado. Do milho safrinha, que será plantado a partir de março do próximo ano, já estão comprometidos, pelo menos, 12% da produção.