A recessão que paralisou o Brasil, afetou a economia como um todo, mas alguns setores foram mais impactados que outros. É o caso do Transporte Rodoviário de Cargas (TRC), que viu ao longo dos últimos anos, a pulverização de seus lucros, a redução do quadro de funcionários para tentar manter as portas abertas, venda de grande parte de seu patrimônio para arcar com as enxurradas das ações trabalhistas, redução do valor do frete para continuar operando, mesmo com lucros minguados, entre outros problemas que estão tornando inviável a retomada do setor.
Nesse segmento, o transporte de granéis em silos, que hoje engloba 300 empresas em todo o Brasil e é responsável pelo transporte de cimento, cales, bicarbonatos, resinas, sulfatos, barrilhas, farinhas, entre outros, de Norte a Sul, está operando com uma tarifa de frete deficitária em 2017, de 37,64%.
Um estudo da NTC&Logística, aponta que em 2016 o valor praticado, em carretas com 6 eixos, para uma distancia de 500 km deveria estar em R$ 144,32, mas na realidade, as empresas tem operado com o valor de R$ 90,00, o mesmo praticado em 2012.
Segundo o Irineu Vobeto, vice-presidente Extraordinário da NTC&Logística, para Transporte de Graneis e Sólidos (SILO) e coordenador da Câmara Técnica de Graneis e Sólidos (CTGS), hoje, para recompor esse valor, o aumento teria que ser de 60%.
O setor conta com 5 mil caminhões, que transportam anualmente 30 milhões de toneladas por ano, gerando 5 mil empregos diretos e cerca de 15 mil indiretos. “Desse total, somente na área de cimento temos 780 caminhões ociosos, parados nos pátios das empresas e sem nenhuma perspectiva de melhorias”, explica Vobeto.
Para ele, vários fatores têm contribuído para esse cenário cada dia mais negro, entre eles a instabilidade criada pelos contratos (BID) que não oferecem nenhuma garantia para os embarcadores. “Isso acaba por impossibilitar um planejamento sustentável, pois os contratos são fixados em 60 dias e podem ser rompidos unilateralmente. Geralmente, para rompê-lo, alegam que conseguiram frete menor”, explica.
Na análise de Vobeto, não bastasse a crise econômica, políticas de estado desastrosas, sem visão macro, acabaram por complicar ainda mais o setor de Transporte Rodoviário de Cargas, como foi a oferta de créditos a juros baixíssimos de 2,5% ao ano para o financiamento de caminhões, o que acarretou uma procura muito grande, até por quem não era do setor, bem além do necessário para suprir a demanda.
Fonte: Setlog/MS